Uma
história de natal
O
mendigo e a senhora
Quando Cássio acordou o sol já havia
nascido. Abriu os olhos a custo, de
tão sonolento que estava. Permaneceu deitado, com a cabeça apoiada sobre a mão que também estava apoiada em uma cama de papelão.
Olhando para frente viu os pés e as pernas das pessoas passarem
bem perto de seu rosto. Abrindo mais os olhos procurou se concentrar e
lembrar em que lugar estava. Percebeu que se encontrava deitado no chão, na calçada, em frente
a um muro de tijolos. Levantou o pescoço e olhou em volta, vendo o
mercado municipal já aberto e as pessoas entrando e saindo dele. Viu o fluxo de
automóveis e buzinas gritando por causa da impaciência de alguns.
Cássio sentou-se e cruzou
os braços entre as pernas observando as pessoas passando e carregando sacolas. Viu também abrirem as portas rolantes de aço das lojas e o movimento imediatamente começar. Estranhou, pois sabia que normalmente as pessoas iam chegando aos
poucos, mas não tão cedo. Erguendo mais o olhar, viu em um dos prédios à sua
frente, uma faixa imensa, colorida e enfeitada que dizia "Feliz natal para
todos!". “Ah, sim!” Pensou. "É natal!"
Ele se lembrou que era Natal. Dia de comprar e "Dar" presentes. Nada mudaria para ele, afinal, um mendigo, sem dinheiro... Comprar o quê? Porém, um pensamento lhe veio à cabeça e disse:
- Ah, sim! É Verdade... É natal! É natal! Vamos! Vamos
Cássio! Você sabe o que tem que ser feito, e tem que ser agora!
E Cássio se levantou. Pegou as poucas
coisas que carregava e as levando guardou num canto do muro sem se importar se
alguém as levasse, pois não tinha nada de valor. Aquelas cobertas e roupas
velhas eram tudo que possuía. De resto, deixava a vida o levar.
Desde que perdeu a memória, a alguns anos, de nada se lembra de sua história. De onde veio, se têm pai e mãe, se têm irmãos. Apenas sentia que havia nascido naquele hospital, já adulto, com a cabeça enfaixada por causa de uma forte pancada, ouvindo um dos médicos dizer que ele não tinha identidade. Sim, o médico, de tão acostumado a casos assim, pela cidade de São Paulo não deu importância ao de Cássio, afirmando
- É apenas mais um indigente... Deixe-o melhorar e dispense... Precisamos de mais leitos para os acidentes graves"
E assim foi. Após melhorar partiu, e pelos caminhos que seguiu acabou caindo nesse lado obscurecido da sociedade, vivendo sem saber quem foi e do quão cheio de riquezas e futilidades havia tido e vivido.
Talvez tudo tivesse sido diferente se aquele médico agisse diferente, resolvendo
ajudá-lo a recuperar sua memória ou simplesmente poderia ter sido pior se ele
não conseguisse suportar a dor da realidade de sua vida... A dor da perda, da falsidade, da desonra, carregando como um fardo todo aquele ódio que nutria pelas pessoas que o enganaram, que o rejeitaram e o fizeram cair nessa vida, perdendo por completo a fé no ser humano. Não! Ele não estava
preparado! Aquilo o consumiria. Certamente. Pois naquela época ele era apenas um rapaz saindo da
adolescência. O fardo era muito pesado.
Cássio levantou-se. Ele seguia uma rotina. Tanto de comer, de se banhar, lavar roupa e até mesmo de se divertir. Porém, hoje ele
seguiria um caminho diferente. Carregava um Pensamento diferente.
Era estranho ver um mendigo ser cumprimentado
pelos comerciantes com um sorriso, como um cidadão comum e respeitado. Era o
que acontecia por onde quer que ele passasse. Entrou na padaria e mesmo com os
seus trapos de roupas os empregados já lhe deram pão e café sem cobrar nada, deixando uma
senhora que havia parado para comer surpresa e indignada. Chegou a
perguntar ao dono da padaria:
- Por que o tratam bem? É só um
mendigo!
E o dono, que olhou para Cássio... E
voltando o seu olhar para a senhora inconformada, sorriu. e lhe disse:
- Bem... É o Cássio. Ele é gente boa.
-Mas, como, um mendigo pode ser gente
boa? Olha só a sua roupa...
-Não
se preocupe. Ele fica só naquele cantinho. Não fede. Ele se cuida. Os
comerciantes o ajudam até onde ele permite. Eu mesmo já ofereci roupas novas
pra ele, mas ele se recusa. Preferi viver assim.
- Um mendigo educado e com
princípios... Esse é muito boa!
- Olha... Por detrás desses trapos há
uma pessoa boa e muito inteligente. Ele vive há anos aqui. Não se lembra de quem
foi, mas é educado e tem estudos. Sabe falar vários idiomas e não perturba
ninguém.
- Mas, se ele é assim, então, por que
não arranja um serviço? Por que não ganha o seu próprio dinheiro? É um
vagabundo, isso sim!
-Cada um tem os seus motivos senhora. Como a
senhora mesma não sabia o que ele era por detrás dos trapos, a gente não sabe o que se
passa dentro de sua cabeça. Mas, se quer saber... O que acho é que ele não tem motivação. Talvez por não sabe quem foi, para onde ir ou o Porquê ir...
Sei lá!
Acabando de tomar o seu café, Cássio se
levanta e olha para o dono da padaria, que acena com a cabeça a um dos
funcionários que dá a Cássio vários panetones, pães e leite, colocando em um saco
grande que carregava consigo.
-
Mas, por que lhe dão pão, leite e panetone? É a primeira vez?
- Todo o ano, nessa data ele vem e a
gente já sabe o que dar.
- Tá vendo!... Acostumou! Essa corja
é um bando de folgados aproveitadores! Quer saber! Eu vou ficar de olho nele!
- Não!... Não!... Não é isso... É
que...
E
antes que o dono da padaria pudesse lhe explicar qualquer coisa a senhora já saía
dali correndo e seguindo o mendigo que carregava o saco. Logo o viu entrar
em uma loja de doces, ouvindo-o dizer ao dono:
- Tudo bem? Pode ser?
- Claro. Pra você não têm problema.
Leve o que precisar.
E Cássio sorri agradescendo, pegando
diversos doces, jogando tudo no saco e indo embora sem pagar nada. A senhora
continuava o seguindo, inconformada com a folga do mendigo e como as pessoas
colaboravam para que ele não saísse dessa vida. E assim foi em toda aquela
manhã.
Aquela senhora, tão persistente, tinha como característica
sua não mudar de ideia facilmente. Ela queria porque queria saber aonde ia
dar aquilo. Até aonde Cássio iria chegar. Com o saco lotado, a senhora o viu
levar para um lugar tudo aquilo que pegou dos comerciantes da rua “vinte e
cinco de março” e ruas vizinhas, encontrando e pedindo para outro mendigo que
guardasse o saco no lugar de sempre, dizendo "Hoje a coisa vai ser
boa!" Esse comentário ela conseguiu ouvir, vendo-o pegar mais dois sacos e voltar para as lojas.
A senhora quase arrancou os cabelos
de tanta raiva. Ela via naquela expressão e postura humilde de Cássio pura falsidade
e não se conformava com aquilo que via. Sempre tão impulsiva e defensora
de seus direitos, sentiu que precisava fazer algo. Pensou em chamar a polícia.
Mas precisava pegá-lo no ato. E mesmo ela sabendo que na sociedade qualquer coisa que dissesse iriam acreditar nela e não na palavra de um mendigo, não era de seu feitio agir assim. preferia sem mentiras, pelos meios corretos. Quando a polícia os pegasse com os
sacos cheios estaria alí constatado o furto. O uso de má fé da
confiança dos outros. Assim ela pensava.
Acontece que de longe ela não
conseguia ouvir o que Cássio dizia aos comerciantes. Entretanto, tinha certaza que ele mentia, jurando que estava com fome e não tinha nada. sempre o seguindo às escondidas, conseguiu ver onde ele ficava e
levava as coisas. Assim, voltou para casa, carregando a fixação em Cássio.
A senhora acabou não comprando os presentes que prometera aos seus
netos, de tão revoltada que ficou. Mas não sofria porque não se lembrava disso. Não
preparou a ceia para a chegada dos filhos e netos e quando se lembrou, já
estava tarde. Tentou recuperar o tempo, mas com a pressa errou na hora de
cozinhar colocando açúcar aonde deveria ter sal e o pernil queimou no forno
enquanto ela pensava como seria justo punir aquele mendigo, e quando
percebeu...
-Queimou! Taí o estrago! É claro...
Tinha que ser por causa daquele mendigo idiota!
Eu sei que ele tá rindo de todo mundo... Ah!
Isso não vai ficar assim! Todos têm que saber quem é ele! Inteligente... Fala
vários idiomas... Rá! É um mentiroso safado! Vou colocar ele na cadeia! É isso!
A noite chegou sem que ela percebesse. Os filhos e netos também e
viram aquela bagunça. Perguntaram o que aconteceu e ela explicou o motivo da sua revolta. Eles também ficam indignados diante do que ela havia dito
ter visto. Assim os filhos a ajudaram a fazer a ceia, tentando na conversa descontraída arrancar um sorriso dela. Já até conseguiam, quando as crianças, impacientes não obedeceram aos pais e pediram:
- Vovó... Cadê os presentes? Você
prometeu... Cadê os presentes?
Foi quando ela se lembrou de que não
havia presentes. As crianças ficam tristes e com isso a senhora ficou ainda mais
irritada, jogando toda a culpa no mendigo.
- Tá vendo! Por
causa dele eu perdi a cabeça e as crianças não têm presentes! Está tudo dando
errado! Culpa daquele vagabundo!
Mas, seu filho pediu que se
acalmasse. A filha surgiu com a ideia de irem comprar os presentes, mesmo
naquelas altas horas.
- Sim. Vamos! As crianças não podem ficar sem presentes!
- Sim. Vamos! As crianças não podem ficar sem presentes!
Ela aceitou rapidamente. Porém, a verdade era que a
intenção dela não era sair por causa dos netos, mas porque
pretendia passar em frente do lugar onde sabia estaria Cássio, finalmente
matando a sua curiosidade e saber o que ele havia feito com tudo que afanou.
E assim foram. Todos felizes dentro do carro, para o passeio. Todos, menos a senhora que diante das perguntas descontraídas deles virava o rosto, lançava um sorriso forçado. Voltando em seguida a olhar para a frente, para a estrada, com ódio nos olhos e apertando com força o volante. Estranharam o caminho que seguia.
E assim foram. Todos felizes dentro do carro, para o passeio. Todos, menos a senhora que diante das perguntas descontraídas deles virava o rosto, lançava um sorriso forçado. Voltando em seguida a olhar para a frente, para a estrada, com ódio nos olhos e apertando com força o volante. Estranharam o caminho que seguia.
"Aqui, mãe, não tem loja aberta
nessas horas..." - Disse a filha.
-È um atalho. Conheço bem o caminho.
Não se mete, tá! Deixa comigo!
E a filha fica quieta, já sabendo que
a mãe, quando enfiava algo na cabeça ninguém conseguia tirar. Era o seu jeito.
Quando ela passa pela rua próxima à Estação da luz, vê Cássio com
outros dois mendigos carregando várias sacolas imensas nas costas, sorrindo e
gritando "É natal! É natal!" Ela sentiu que tiravam um sarro de todos
e se colocando no lugar deles, parecia ser "ela" a ofendida. Mesmo
sem nunca ter conversado com Cássio ou ele mesmo não saber da sua existência.
Tinha apenas a certeza de que era um bando de ladrões disfarçados de mendigos.
E não aguentando grita:
-Olha! É aquele mendigo... O safado! Carlos! Rápido! Pega o
telefone e chama a polícia. Vamos denunciar o roubo enquanto eu os sigo! Devem
estar se juntando a outros ladrões.
O filho ainda tentou dialogar com a mãe, lembrando-a das crianças,
mas era inútil, pois ela seguia no volante com a sua fixação. O filho acaba
ligando, sentindo também que a mãe podia ter razão pela versão da história que
havia contado.
Viram logo em frente os mendigos se
unirem a outros e seguirem pela rua. A senhora já batia a mão no volante de
raiva, dizendo:
- Agora vão fazer uma festa!" Ah! Não vão não! Não mesmo! Vou
acabar com essa pouca vergonha!
Já bufava de raiva. O seu descontrole era evidente. Os filhos pediam
que se acalmasse. Os netos pediam presentes e ela pedia justiça.
Foi quase ao mesmo tempo em que já se
ouvia as sirenes das viaturas, que os mendigos acabaram por parar bem embaixo
de um viaduto, dos tantos que havia no centro da cidade, onde estavam ali várias
famílias de desabrigados em torno de uma fogueira de pedaços de cadeira, mesas
e outras tantas, tentando se aquecer e cabisbaixos. Eram adultos e crianças. A
senhora diz:
-É ali que vão fazer uma festa! Eu
sabia! Deve ter um monte de bebidas, drogas e sacanagens! Já vi tudo! Tai... Eu
não disse?!
Ela saiu do carro correndo e deixando
para trás os filhos que pediam para que se acalmasse, segurando as mãos das
crianças que eram arrastadas em meio à pressa de tudo aquilo. E que também não
paravam de perguntar “Aonde a vovó vai comprar o presente mãe?” E vendo a
viatura da polícia chegar os chama, Os policiais se aproximam da senhora que
explicou tudo, apontando, acusando e exigindo justiça para que prendessem todos
aqueles mendigos.
-Alí deve ter tráfico... Ah! Se
tem!!!
Eles vão e gritam:
- Ei! Vocês!... É a polícia! Parem
tudo e mostrem o que está havendo aí! Vamos logo!
Mas, quando os policiais se aproximam um pouco mais, com a luz da
fogueira o que estava adiante pôde identificar um dos mendigos, dizendo:
- Cássio! É você? O que está
acontecendo?
- O de sempre, Carlos...
E Tira um brinquedo do saco e dá para uma das crianças.
- Recolhi a doação dos comerciantes, como todo ano faço. Olha...
Muita comida e brinquedos... A cada ano que passa têm mais comerciantes
colaborando... É... Eu acho que está dando certo! Agora estou distribuindo aos necessitados.
Não é verdade? Ao menos “um dia no ano” eles têm o direito de sorrir. Eu, com
meus amigos estamos fazendo a nossa parte. Infelizmente é só isso que podemos fazer!
- Muito bem Cássio- disse o policial,
vendo os mendigos que traziam os sacos abrirem alguns deles e distribuir a
todos - Vocês estão fazendo algo muito bonito. É certo que sempre têm gente
precisando mais que a gente. Olha o seu caso... Era pra estar sendo ajudado...
Porém, em vez disso, procura ajudar... Parabéns rapazes!
Diante do que viu a senhora
ficou sem saber o que dizer para o policial, para os parentes e para as
crianças. Cássio ainda completou:
-Daqui a pouco vamos também para a
casa de adoção dar algum conforto a quem não tem pai nem mãe. E logo para o
asilo do centro, por que, essa época é a época de resgatar valores e cidadania.
Os velhinhos merecem muito o nosso respeito. Claro, o bom seria ser sempre
assim, mas se não dá... Ao menos hoje!
A senhora, arranhando a garganta
pergunta a ele:
- Por que você faz isso, se você
mesmo não tem nada?
- É. Realmente senhora.., - Disse
Cássio, a notando pela primeira vez
- É engraçado... Um mendigo
presenteando outros. Chega a ser engraçado. Senhora... Eu na verdade eu não sei
o porquê faço isso. O porquê mesmo! Mas,
uma coisa é certa - E Cássio vê os netos da senhora entristecidos, olhando para
as crianças que ganharam os presentes, brincando e sorrindo. Cássio abriu o
saco de brinquedos e disse "Venham... Cheguem mais perto... Escolham o que vocês quiserem!... Esse é um
presente nosso para vocês!” E os garotos vão sorrindo. Os pais ainda tentam
impedi-los. Cássio disse:
- Tudo bem. É exatamente isso que eu
queria ver... Um sorriso verdadeiro! Por que isso nunca se apaga. Por que é
verdadeiro!
- Eu insisto em pagar... - Disse o
pai do garoto - Não é justo a gente ganhar se podemos pagar...
- Não! A felicidade é igual para
todos. Para qualquer criança. Pra mim, dinheiro não vale nada! Mas esse
sorriso... É puro! Veja!
As crianças foram se misturar com as
outras, brincando também. E Cássio completa:
- Olhem! Olhem bem! As crianças
brincando juntas... Sem diferença social, sem preconceito de cor... Aproveitem
isso, por que, com o tempo essa aproximação e inocência irão se perder com a
consciência ao perceberem pelas ideias enfiadas em suas Cabeças pelos adultos
de que somos diferentes e assim devemos continuar sendo.
A
senhora fica com os olhos cheio de lágrimas. E acaba por abraçar Cássio que
diz:
- Não, senhora, eu estou sujo, a
senhora pode se...
Ainda
o abraçando ela afirma:
-Você tem uma alma limpa! Desculpe.
-Pelo quê?
-Por ter julgado você mal. Pelo meu
egoísmo e preconceito. Agora entendo o porquê de todos gostarem de você.
Ele a olha, ainda meio sem
compreender e sorri, dizendo-lhe:
-Um feliz natal para todos vocês!
E assim fica essa cena: Os policiais em volta, sorrindo, vendo as
crianças sorrindo, comendo e brincando. Os pais felizes, pois, desabrigados e
sem emprego, tudo que gostariam era de ver os seus filhos felizes e finalmente a
senhora, que por pouco quase acabou perdendo o seu belo natal ao carregar
sentimentos pesados e errôneos, simplesmente por ter inveja do como Cássio era
respeitado por quem tinha mais que ele. O que ela gostaria de ter. Agora mostrava
arrependimento, pois viu que ele estava além do seu egoísmo, mesmo com ela
disfarçadamente agir pelos valores corretos. Conclusão: acabou por reconhecer e
aprender que não devemos julgar as
pessoas somente pela aparência. Nem condenar sem consciência de causa. E
procurar romper a barreira do preconceito, tão profundamente enraizada na alma
do ser humano.
Essa é a moral de nossa história.
Já Cássio, que dizia não saber o porquê
fazia aquilo, organizando, indo atrás, convencendo os comerciantes, tinha uma
razão obscurecida. É que, na verdade, em sua memória, lá atrás estavam os
natais em que passou com os seus pais, quando ainda era muito rico e do como
foi feliz naqueles tempos, com sua mãe superprotetora do lado. Até mesmo com o
seu pai, quase sempre distante, ausente, controlando as suas empresas.
Entretanto, o dia de Natal era o único momento em que Bianor parava tudo e
voltava ao princípio das suas conquistas e objetivos, mesmo que no dia seguinte
tudo voltasse como era antes. O natal era sagrado até mesmo para o seu pai, que
também se lembrava de seu passado. E era o único momento em que ele se lembrava
de que tinha um filho precisando de amor e de um pai.
Portanto, o desejo de Cássio nada
mais era do que a necessidade de se ver novamente sorrindo, no rosto daquelas
crianças. Era o seu passado que estava ali, muito presente.
Esse
trecho foi tirado de 'memórias de Cássio", mas apenas a partir do abraço com a
senhora, pois ele não saiba que ela o estava seguindo o dia todo e até mesmo sendo odiado
por Ela, enquanto que ele pensava somente como seria bom ver os sorrisos das crianças
e desafortunados.
“Ele não tinha muito, mas sabia, para quem não tinha nada o pouco
é um tesouro.”
De resto essa história faz parte do
livro de Reinaldo Anjos chamado "Labirintos da alma" Capítulo 57, publicado
em 1992 pela editora “Edicon” em São
Paulo, com a venda de quase dois mil exemplares na primeira edição e terá a sua
segunda edição lançada em 2013
Autor:
Reinaldo Anjos