O TEMPO DE
NOSSA VERDADE PERFEITA!
Certos momentos de nossa vida voltam...
Até a um
certo ponto, até a um certo tempo. Mas, aquela verdade perfeita se vai, para
nunca mais. Aquele instante de felicidade plena com as pessoas, com o lugar,
com os valores e sentimentos têm um tempo de validade. E pode se ir aos poucos
ou de uma vez. Outras verdades surgirão. Parecidas ou de formas diferentes. O
que nos resta a fazer é procurar novamente em nosso período de vida aqueles
vários pontos em que encontramos essas “verdades
perfeitas” e tentar abraçá-las com toda a alma enquanto estiver em nosso
alcance. Por que o tempo não pára. Por que as verdades perfeitas se movimentam.
E tem começo, meio e fim.
Cada um segue a sua própria história.
Cada um encontra
a “sua” verdade perfeita. Alguns
momentos temporais são com verdades imperfeitas e outros cheios de mentiras. “As
mentiras perfeitas!” O tempo entre um e outro não é exato e não se sabe o
quanto dura.
Como existem as verdades sujas, existem as mentiras
com lampejos de pureza... São os instantes em que alguma coisa se salva do
todo. Há tempos também em que as verdades e as mentiras caminham lado a lado.
São os nossos momentos bons e ruins que se mesclam.
Por exemplo: Quando se é criança e o
seu universo é a sua família e toda uma felicidade é criada em torno daquela
proteção o poupando das preocupações e imperfeições da vida. Como nunca teve
outra realidade, acha que toda a vida é aquilo que lhe mostram até passar o
tempo dessa verdade perfeita, restando-lhe
apenas as lembranças de quando nada era difícil e podia ter tudo.
Eu me lembro...
De quando eu
tinha por volta de seis ou sete anos e fui ao mercadinho comprar um doce. Eu
adorava doce! Especificamente um tipo de doce. Quando fui pagar, e ele custava apenas
centavos, o dono do mercado, que sabia que eu gostava do doce me disso “Garoto,
na semana que vêm o doce vai aumentar de preço... você vai continuar comprando?...
Eu disse que sim, sem pensar. Mas saí de lá triste, por que na verdade o doce
que eu tanto gostava ia aumentar alguns centavos a mais e eu achei que meu pai
nunca ia dar mais pra eu comprar... por que os meus valores eram diferentes. Hoje
penso em casa, carro, investimentos e centavos não é nada, até eu me lembrar do
doce do meu universo infantil e perceber que não é o quanto você têm, mas o
quanto aquilo, pouco ou muito realmente têm valor para você.
Esse foi um
momento ruim dentro da “minha” verdade perfeita, por que eu tinha tudo que
queria, até surgir algo que não poderia mais ter.
Centavos podem
valer milhões em seu universo particular. Um adeus... Um abraço... Uma
lágrima... Um sorriso ou mesmo um olhar.. Um brinquedo... Uma calça velha...
Tudo isso pode ter história, fazendo parte de sua verdade perfeita, carregando
tanto peso quanto o valor de centavos para um doce.
As verdades e as mentiras perfeitas
Estão
relacionadas com lugares, pessoas, estado de espírito e eternidade. Os bons
momentos na escola e os maus. A turma perfeita que parecia que seria eterna,
como se a escola fosse o nosso mundo e nada mais existia e tudo era bom. Ou
aquele ano em que você não se ajustou e os professores não gostavam de você...
Seus colegas de classe não gostavam de você... O ano que parecia não passar...
A matéria de aula que vinha como um fardo e difícil de assimilar... E o desejo
de voltar logo para casa. De volta ao seu mundo de infância, que não mais
existia.
Seus pais
exigiam de você. Os deveres mudaram. O que você fazia que lhes parecia bonitinho,
hoje era visto como uma tolice. Mesmo eles não aceitando que você cresceu, eles
tinham que lhe ensinar que “você cresceu!” E existem novas responsabilidades,
que você nunca imaginou que existia. Diante disso, está com um pé em casa e
outro fora dela. E têm que carregar as suas verdades e mentiras na sacola, para
onde quer que vá.
E assim criar
as “suas” verdades. E ser feliz e se deslumbrar e também sofrer pelas perdas...
Uma, duas, três vezes... Até o tanto que aprenda a aceitar as mudanças como uma
conseqüência natural da vida. Podendo Assim, suportar com maturidade as
tempestades cheias de mentiras que sempre vêem. Entendendo claramente que logo
à frente voltará a ver em seu caminho novas verdades, sempre prontas para serem
abraçadas. E até chegar a esse instante na vida, cabe a cada um seguir o seu caminho,
escolhendo entre jornadas cheias de pedras e sol escaldante ou limpar a sua
trincheira e se proteger melhor nessa guerra de nervos, por que, a bandeira
branca da paz é muitas vezes erguida pela conquista da batalha e não pela vitória
da guerra, que está em todo o seu caminho de vida. É importante achar o momento
certo para se deitar na sombra e apreciar o sol se pôr com a sua beleza. Sol que
sempre esteve ali, mas que só o percebemos quando estamos distantes das
mentiras perfeitas.
Onde está o seu momento perfeito?
Não estaria
em um lugar, um tempo, em uma pessoa, um conjunto de coisas que nos faz sentir
que estamos beirando à perfeição? Não seria por que a felicidade está ali e
sentimos que não necessitamos de mais nada?
Onde está o
seu momento de mentiras? Não estaria em um lugar, um tempo, uma pessoa, um
conjunto de coisas que nos faz sentir que nada é bonito, ninguém é sincero e
você não deveria estar ali? Não seria por que você não viu por estar envolto em
seu atual presente de tristeza que logo à frente está a perfeição? E só não viu
por que permanecia com sua cabeça enfiada em sua dor?!
Basta você se
desprender desse momento preparando o próximo passo porque tão logo você
consiga olhar para frente e aceitar as coisas em sua volta e caminhar, sem
perceber chegará o tempo seguinte.
E a guerra está aí...
Entender que
as batalhas são feitas de bons e maus momentos é o que nos separa ou não da paz
de espírito... O que os difere é o tempo que você se agarra a eles e aprende a
libertá-los para não os tornar o outro, por que...
“Aqueles que
agarraram o seu momento perfeito mais tempo do que ele deveria, sem libertá-lo
o transformará em momentos maus, cultivando todo o sortilégio de maus
sentimentos”.
É o que digo
sempre “se a felicidade não é para sempre, a dor também não o é!” e aceitar
isso é trabalhar melhor o seu momento seguinte, de encontro “às verdades perfeitas”
Essa crônica
se refere à felicidade do momento e da solidão de outros. E das escolhas: Se é
melhor viver se lamentando dos seus enganos, das coisas que se foram ou limpar
a poeira e seguir em busca de algo, deixando o que passou, por mais difícil que
lhe pareça, como boas lembranças!
Reinaldo Anjos