segunda-feira, 12 de novembro de 2012


       O TEMPO DE NOSSA VERDADE PERFEITA!

 

 

Certos momentos de nossa vida voltam...

Até a um certo ponto, até a um certo tempo. Mas, aquela verdade perfeita se vai, para nunca mais. Aquele instante de felicidade plena com as pessoas, com o lugar, com os valores e sentimentos têm um tempo de validade. E pode se ir aos poucos ou de uma vez. Outras verdades surgirão. Parecidas ou de formas diferentes. O que nos resta a fazer é procurar novamente em nosso período de vida aqueles vários pontos em que encontramos essas “verdades perfeitas” e tentar abraçá-las com toda a alma enquanto estiver em nosso alcance. Por que o tempo não pára. Por que as verdades perfeitas se movimentam. E tem começo, meio e fim.

 

Cada um segue a sua própria história.

Cada um encontra a “sua” verdade perfeita. Alguns momentos temporais são com verdades imperfeitas e outros cheios de mentiras. “As mentiras perfeitas!” O tempo entre um e outro não é exato e não se sabe o quanto dura.

 Como existem as verdades sujas, existem as mentiras com lampejos de pureza... São os instantes em que alguma coisa se salva do todo. Há tempos também em que as verdades e as mentiras caminham lado a lado. São os nossos momentos bons e ruins que se mesclam.

            Por exemplo: Quando se é criança e o seu universo é a sua família e toda uma felicidade é criada em torno daquela proteção o poupando das preocupações e imperfeições da vida. Como nunca teve outra realidade, acha que toda a vida é aquilo que lhe mostram até passar o tempo dessa verdade perfeita, restando-lhe apenas as lembranças de quando nada era difícil e podia ter tudo.

 

Eu me lembro...

De quando eu tinha por volta de seis ou sete anos e fui ao mercadinho comprar um doce. Eu adorava doce! Especificamente um tipo de doce. Quando fui pagar, e ele custava apenas centavos, o dono do mercado, que sabia que eu gostava do doce me disso “Garoto, na semana que vêm o doce vai aumentar de preço... você vai continuar comprando?... Eu disse que sim, sem pensar. Mas saí de lá triste, por que na verdade o doce que eu tanto gostava ia aumentar alguns centavos a mais e eu achei que meu pai nunca ia dar mais pra eu comprar... por que os meus valores eram diferentes. Hoje penso em casa, carro, investimentos e centavos não é nada, até eu me lembrar do doce do meu universo infantil e perceber que não é o quanto você têm, mas o quanto aquilo, pouco ou muito realmente têm valor para você.

Esse foi um momento ruim dentro da “minha” verdade perfeita, por que eu tinha tudo que queria, até surgir algo que não poderia mais ter.

Centavos podem valer milhões em seu universo particular. Um adeus... Um abraço... Uma lágrima... Um sorriso ou mesmo um olhar.. Um brinquedo... Uma calça velha... Tudo isso pode ter história, fazendo parte de sua verdade perfeita, carregando tanto peso quanto o valor de centavos para um doce.  

           

As verdades e as mentiras perfeitas

Estão relacionadas com lugares, pessoas, estado de espírito e eternidade. Os bons momentos na escola e os maus. A turma perfeita que parecia que seria eterna, como se a escola fosse o nosso mundo e nada mais existia e tudo era bom. Ou aquele ano em que você não se ajustou e os professores não gostavam de você... Seus colegas de classe não gostavam de você... O ano que parecia não passar... A matéria de aula que vinha como um fardo e difícil de assimilar... E o desejo de voltar logo para casa. De volta ao seu mundo de infância, que não mais existia.

Seus pais exigiam de você. Os deveres mudaram. O que você fazia que lhes parecia bonitinho, hoje era visto como uma tolice. Mesmo eles não aceitando que você cresceu, eles tinham que lhe ensinar que “você cresceu!” E existem novas responsabilidades, que você nunca imaginou que existia. Diante disso, está com um pé em casa e outro fora dela. E têm que carregar as suas verdades e mentiras na sacola, para onde quer que vá.

E assim criar as “suas” verdades. E ser feliz e se deslumbrar e também sofrer pelas perdas... Uma, duas, três vezes... Até o tanto que aprenda a aceitar as mudanças como uma conseqüência natural da vida. Podendo Assim, suportar com maturidade as tempestades cheias de mentiras que sempre vêem. Entendendo claramente que logo à frente voltará a ver em seu caminho novas verdades, sempre prontas para serem abraçadas. E até chegar a esse instante na vida, cabe a cada um seguir o seu caminho, escolhendo entre jornadas cheias de pedras e sol escaldante ou limpar a sua trincheira e se proteger melhor nessa guerra de nervos, por que, a bandeira branca da paz é muitas vezes erguida pela conquista da batalha e não pela vitória da guerra, que está em todo o seu caminho de vida. É importante achar o momento certo para se deitar na sombra e apreciar o sol se pôr com a sua beleza. Sol que sempre esteve ali, mas que só o percebemos quando estamos distantes das mentiras perfeitas.

           

Onde está o seu momento perfeito?

Não estaria em um lugar, um tempo, em uma pessoa, um conjunto de coisas que nos faz sentir que estamos beirando à perfeição? Não seria por que a felicidade está ali e sentimos que não necessitamos de mais nada?

Onde está o seu momento de mentiras? Não estaria em um lugar, um tempo, uma pessoa, um conjunto de coisas que nos faz sentir que nada é bonito, ninguém é sincero e você não deveria estar ali? Não seria por que você não viu por estar envolto em seu atual presente de tristeza que logo à frente está a perfeição? E só não viu por que permanecia com sua cabeça enfiada em sua dor?!

Basta você se desprender desse momento preparando o próximo passo porque tão logo você consiga olhar para frente e aceitar as coisas em sua volta e caminhar, sem perceber chegará o tempo seguinte.

 

E a guerra está aí...

Entender que as batalhas são feitas de bons e maus momentos é o que nos separa ou não da paz de espírito... O que os difere é o tempo que você se agarra a eles e aprende a libertá-los para não os tornar o outro, por que...

“Aqueles que agarraram o seu momento perfeito mais tempo do que ele deveria, sem libertá-lo o transformará em momentos maus, cultivando todo o sortilégio de maus sentimentos”.

 

É o que digo sempre “se a felicidade não é para sempre, a dor também não o é!” e aceitar isso é trabalhar melhor o seu momento seguinte, de encontro “às verdades perfeitas”

 

Essa crônica se refere à felicidade do momento e da solidão de outros. E das escolhas: Se é melhor viver se lamentando dos seus enganos, das coisas que se foram ou limpar a poeira e seguir em busca de algo, deixando o que passou, por mais difícil que lhe pareça, como boas lembranças!

 
Reinaldo Anjos

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


O meu pensamento em relação ao quadro que some da parede 

 

            Lembro com se fosse hoje... Por muitos anos a minha tia Zumira esteve do meu lado, em São Paulo, mas se foi, triste e lentamente. Hoje, já faz tempo que se foi... E assim o tempo seguiu... Até que há poucos dias, o meu tio Mauro, que fez parte da minha infância em Recife também se foi, em menos de um mês, ficando em minha memória a sua passagem aqui...  

            Minha madrasta, tão querida e simpática, já há um tempo se foi... E foi de um dia para outro que até espantou...  O meu irmão caminhava comigo, quando comigo, e tínhamos a ver um com o outro, mesmo tão diferentes, até que, de repente... Ele se foi!... Tão de repente que foi difícil aceitar...

           

E assim a vida prossegue... E é nesse o rumo que todos que nos cercam seguem... Sumindo... Sumindo... Sendo cada um apenas um quadro na parede, que de repente poderá não está mais lá... Ou passa a sumir aos poucos, até ficar apenas a saudade... A vontade de vê-los, tocá-los, abraçá-los ou simplesmente conversar, mesmo sabendo que não poderá nunca mais, pois restará em seu lugar apenas um lugar vazio na parede.

 

Ficam as lembranças e o amor que abraçou o coração... E isso por vezes, é o que nos faz continuar!

           

            O que vai de uma vez e o que vai aos poucos...

 

Até há pouco tempo minha mulher disse “Reinaldo, você é um privilegiado! Ainda tem vivas as suas duas avós... As minhas já se foram e eu gostava tanto delas”...

            Que coisa! Hoje as minhas duas avós já se foram... Uma sumindo aos poucos e a outra em menos de meses...

 

            E realmente é assim que a vida prossegue... Quadro a quadro... Vazio por vazio... Em meio a uma sala repleta de quadros quando nascemos e que durante a vida eles vão sumindo, pouco a pouco ou de uma vez... Sentindo que tudo em nossa volta é algo tão delicado que mais nos parece uma teia de aranha, forte para ela e frágil para nós... Ou tão inconstante como o balançar das águas na correnteza do rio, que depende das pedras no caminho para seguir o seu rumo... Percebendo que, de uma hora para outra não poderemos mais conversar com o quadro na parede, com o quadro que está do nosso lado.

 

Até que...

 

Nós, que temos somente uma consciência no plano de existência, consciência de nós mesmos, nos sentindo o centro do universo, com tudo em nossa volta girando em torno de nós...

Nós que, percebemos o que está em nossa volta como se estivéssemos carregando uma câmera, filmando tudo, registrando tudo o que está do outro lado da lente, imaginando que somos a base de tudo que existe...

Em um dia fatalmente também desapareceremos da parede, sentindo a vida se ir aos poucos ou mesmo sem percebermos, deixando em seu lugar apenas um vazio aos olhos dos que ficaram... E que não desaparecerão juntamente conosco e com o nosso universo, como imaginávamos, mas que também continuarão... Cada um sentindo consciência no plano de sua existência e de seu filme.

Por que é só isso que somos... Apenas um quadro na gigantesca parede de nosso mundo!

           

Assim é que a vida é regida... Podendo acabar como um grande final de orquestra, preparando o ápice da sinfonia diante de todos que esperam impassíveis o indesejado, vendo o quadro sumir bem lentamente até o seu último alento... Ou mesmo o seu plano em nossa forma se desfazer de repente, encerrando com um apagão, pegando todos de surpresa nesse blekhout, restando depois apenas um vazio na parede e muitas recordações aos que ainda caminham entre nós, até que também sumiremos em meio aos quadros que vão se indo ou nascendo.  

 

Diante disso, nenhum quadro está na parede com total segurança. Então, os apreciem bem, enquanto vivos. Aprecie bem seus entes queridos. E tenha uma boa vida!

 

Pois saiba que, o depois que termina é tão forte que pode te tocar na hora que bem lhe aprouver, queira ou não, com a força do toque da eternidade de lá!