quarta-feira, 7 de novembro de 2012


O meu pensamento em relação ao quadro que some da parede 

 

            Lembro com se fosse hoje... Por muitos anos a minha tia Zumira esteve do meu lado, em São Paulo, mas se foi, triste e lentamente. Hoje, já faz tempo que se foi... E assim o tempo seguiu... Até que há poucos dias, o meu tio Mauro, que fez parte da minha infância em Recife também se foi, em menos de um mês, ficando em minha memória a sua passagem aqui...  

            Minha madrasta, tão querida e simpática, já há um tempo se foi... E foi de um dia para outro que até espantou...  O meu irmão caminhava comigo, quando comigo, e tínhamos a ver um com o outro, mesmo tão diferentes, até que, de repente... Ele se foi!... Tão de repente que foi difícil aceitar...

           

E assim a vida prossegue... E é nesse o rumo que todos que nos cercam seguem... Sumindo... Sumindo... Sendo cada um apenas um quadro na parede, que de repente poderá não está mais lá... Ou passa a sumir aos poucos, até ficar apenas a saudade... A vontade de vê-los, tocá-los, abraçá-los ou simplesmente conversar, mesmo sabendo que não poderá nunca mais, pois restará em seu lugar apenas um lugar vazio na parede.

 

Ficam as lembranças e o amor que abraçou o coração... E isso por vezes, é o que nos faz continuar!

           

            O que vai de uma vez e o que vai aos poucos...

 

Até há pouco tempo minha mulher disse “Reinaldo, você é um privilegiado! Ainda tem vivas as suas duas avós... As minhas já se foram e eu gostava tanto delas”...

            Que coisa! Hoje as minhas duas avós já se foram... Uma sumindo aos poucos e a outra em menos de meses...

 

            E realmente é assim que a vida prossegue... Quadro a quadro... Vazio por vazio... Em meio a uma sala repleta de quadros quando nascemos e que durante a vida eles vão sumindo, pouco a pouco ou de uma vez... Sentindo que tudo em nossa volta é algo tão delicado que mais nos parece uma teia de aranha, forte para ela e frágil para nós... Ou tão inconstante como o balançar das águas na correnteza do rio, que depende das pedras no caminho para seguir o seu rumo... Percebendo que, de uma hora para outra não poderemos mais conversar com o quadro na parede, com o quadro que está do nosso lado.

 

Até que...

 

Nós, que temos somente uma consciência no plano de existência, consciência de nós mesmos, nos sentindo o centro do universo, com tudo em nossa volta girando em torno de nós...

Nós que, percebemos o que está em nossa volta como se estivéssemos carregando uma câmera, filmando tudo, registrando tudo o que está do outro lado da lente, imaginando que somos a base de tudo que existe...

Em um dia fatalmente também desapareceremos da parede, sentindo a vida se ir aos poucos ou mesmo sem percebermos, deixando em seu lugar apenas um vazio aos olhos dos que ficaram... E que não desaparecerão juntamente conosco e com o nosso universo, como imaginávamos, mas que também continuarão... Cada um sentindo consciência no plano de sua existência e de seu filme.

Por que é só isso que somos... Apenas um quadro na gigantesca parede de nosso mundo!

           

Assim é que a vida é regida... Podendo acabar como um grande final de orquestra, preparando o ápice da sinfonia diante de todos que esperam impassíveis o indesejado, vendo o quadro sumir bem lentamente até o seu último alento... Ou mesmo o seu plano em nossa forma se desfazer de repente, encerrando com um apagão, pegando todos de surpresa nesse blekhout, restando depois apenas um vazio na parede e muitas recordações aos que ainda caminham entre nós, até que também sumiremos em meio aos quadros que vão se indo ou nascendo.  

 

Diante disso, nenhum quadro está na parede com total segurança. Então, os apreciem bem, enquanto vivos. Aprecie bem seus entes queridos. E tenha uma boa vida!

 

Pois saiba que, o depois que termina é tão forte que pode te tocar na hora que bem lhe aprouver, queira ou não, com a força do toque da eternidade de lá!

 

 

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